A expectativa entre os operadores de food service para que o governo afrouxe as restrições do COVID-19 é muito grande. Por outro lado, a preocupação com a saúde e segurança dos clientes precisa ser mantida. A reabertura dos restaurantes pós quarentena no Brasil pode se beneficiar de ideias vindas da China, país onde tudo começou.
Os restaurantes brasileiros podem olhar para a China, onde o processo de recuperação começou em abril e as empresas abriram suas portas novamente à medida que as restrições ficaram mais leves.
Siga a leitura e saiba o que os restaurantes chineses vêm fazendo para que a reabertura dos restaurantes pós quarentena ocorram de forma consciente e segura.
Uso de máscaras e medição da temperatura
Quando um cliente entra na Yardbird Hong Kong, nomeado um dos 50 Melhores Restaurantes da Ásia, um funcionário usando máscara checa a temperatura do cliente com um termômetro digital. O cliente não poderá permanecer no restaurante se estiver com febre.
O uso da máscara também é obrigatório, e sem ela, não é possível entrar no restaurante.
“Todos os funcionários estão de máscaras, muitos também usando luvas. Sempre há um dispenser com álcool gel para as mãos na entrada, e os clientes devem usá-lo”, disse Sean Dix. Dix é arquiteto e designer de interiores internacional que redesenhou restaurantes na China para um mundo pós COVID-19.
“Além disso, em muitos restaurantes, existem pequenos frascos de álcool gel para as mãos em todas as mesas. Alguns restaurantes mudaram utensílios como talheres e guardanapos por opções descartáveis pré-embalados”, afirma Sean Dix.
Layout do restaurante
A maioria dos restaurantes na China deve limitar em 50% a capacidade de clientes. Cada grupo pode ter quatro clientes, no máximo.
Divisórias temporárias foram instaladas para facilitar o distanciamento social em restaurantes com assentos comuns ou mesas maiores como a Yardbird.
Outros restaurantes, principalmente os cafés com assentos extensivos, interditaram os assentos fora do limite, que estavam muito próximos.
O Black Sheep Restaurants, grupo de restaurantes com 25 endereços em Hong Kong e um em Xangai, está procurando soluções mais permanentes do que apenas fita isolante e divisórias de mesa frágeis.
“Estamos trabalhando com nossos arquitetos e analisando mudanças mais permanentes na planta baixa e telas divisórias entre mesas“, disse Syed Asim Hussain, co-fundador da Black Sheep Restaurants. “Também monitoramos as notícias que saem sobre o ar-condicionado que espalha o vírus. Por enquanto, os estudos não parecem conclusivos, então, estamos analisando o fluxo de ar nos restaurantes e quais são as nossas opções em relação aos sistemas de filtragem de ar”.
A Black Sheep Restaurants também publicou recentemente um guia para restaurantes. Este guia é bem abrangente, com 17 páginas para a operação de um restaurante com serviço de refeições durante e após a pandemia. Este manual pode ser utilizado tanto em seus próprios restaurantes quanto para ajudar outros restaurantes na transição para o serviço completo novamente.
Além das medidas de distanciamento da mesa, o Black Sheep também está colocando pequenos sacos de papel com o logo da marca, para armazenamento higiênico das máscaras dos clientes durante as refeições.
Declaração de não infectado
Sim, na China, muitos restaurantes, incluindo Yardbird e Black Sheep, exigem que os clientes assinem uma declaração ao entrar. Nela, os clientes precisam declarar que não têm coronavírus, não tiveram contato direto com alguém que estava doente e que não viajaram nos últimos 14 dias.
Nesta mesma declaração, é preciso constar o endereço, número de telefone e e-mail do cliente. O fato é que isso provavelmente não funcionaria aqui no Brasil, porém, na China, os restaurantes não estão tendo dificuldades com este procedimento. Os chineses não tendem a resistir a fornecer este tipo de informação.
Por aqui, não achamos que este tipo de declaração traria algo de efetivo no controle da condição de saúde dos clientes. Em todo o caso, citamos aqui apenas com o intuito de informar o que de fato os chineses vêm fazendo na reabertura dos restaurantes pós quarentena.
Pulseiras rastreadoras
A reabertura dos restaurantes pós quarentena também contam com marcadores bem interessantes. É o caso das pulseiras rastreadoras de quarentena exigidas pelo governo de Hong Kong.
Essas pulseiras são usadas para rastrear todos os residentes de Hong Kong que visitaram outros países e que devem ficar em quarentena por 14 dias. A informação carregadas nestas pulseiras também são utilizadas como parte dos procedimentos de check-in de saúde e segurança em restaurantes.
Investimento em treinamentos
A recuperação na China exige mais do que apenas comprar caixas de máscaras e termômetros digitais. Desde janeiro, em Hong Kong, começou a implementação de regulamentos sobre a operação dos restaurantes. A necessidade de treinar os funcionários constantemente para atender às normas de saúde e segurança sancionadas pelo governo é interminável.
“O maior custo monetário não está no investimento em álcool gel, máscaras e termômetros digitais sem contato. O custo real está no tempo e na energia que investimos. É necessário investir na criação de procedimentos e na garantia de que eles sejam respeitados e seguidos todos os dias”.
Nesses treinamentos, a equipe aprende a lidar com determinadas situações, como por exemplo, em caso de um cliente se recusar a usar a máscara ou estiver quebrando a quarentena.
Exagerar na limpeza e desinfecção
Para os operadores de food service chineses, a comunicação com seus clientes é fundamental. Quanto mais claro deixar para seus clientes que o ambiente está limpo e seguro, maior a probabilidade de seu restaurante sobreviver à próxima fase de recuperação de coronavírus.
Alguns restaurantes estão indo ao extremo para parecer livre de germes. A Shu Daxia Hot Pot, uma rede de refeições “hot pot”na China, instalou máquinas desinfetantes de corpo inteiro. Essas máquinas pulverizam os clientes ao entrar no restaurante. Embora não haja evidências de que um banho desinfetante de corpo inteiro impeça qualquer coisa que uma máscara e luvas não evitem, certamente parece mais limpo.
Outros restaurantes estão usando técnicas mais sutis para manter seu ambiente estéril, como por exemplo, disponibilizar máscaras para os clientes, caso necessário.
Reabertura dos restaurantes pós quarentena
O fato é que quando os restaurantes reabrirem, muita coisa vai mudar. Teremos uma nova normalidade, que infelizmente, será muito diferente daquilo que desejamos.
Por outro lado, é necessário adaptar-se e tirar o melhor proveito daquilo que nos é apresentado. Tente tirar o melhor de seus funcionários e da capacidade do seu negócio em satisfazer o cliente.
Jennifer Pak, jornalista correspondente que trabalha na China, disse em seu blog https://www.marketplace.org/ : “O serviço de Shanghai sempre esteve entre os melhores da China, mas, ultimamente, as equipes de restaurantes parecem estar mais atentas.”
Isso traduz a necessidade de nós, brasileiros, aprender com a experiência de outros países e aplicar aquilo que mostra-se válido e eficaz na nova realidade que estamos e iremos enfrentar.
É nítido o que inúmeros restaurantes já vêm fazendo no delivery e takeout durante a quarentena. No delivery, o setor mostrou que inovar é a saída e que a crise só reforçou o quanto o delivery pós Covid-19 veio para ficar.
Nós, da Scuadra, acreditamos que todo o setor de food service vai se reinventar e melhorar ainda mais seus serviços, garantindo a melhor experiência para o cliente, independente das limitações que terá pela frente.
Fontes: