O cliente está cada dia mais exigente, principalmente quando se trata de saúde e qualidade de vida — e essa nova postura tem impacto direto sobre o consumo de alimentos.
Para acompanhar essas mudanças, a indústria alimentícia tem buscado maneiras de priorizar a segurança alimentar e fornecer alimentos mais saudáveis. Uma dessas estratégias tem sido a utilização da embalagem ativa.
Se você é um profissional que gosta de saber sobre as últimas tendências, não pode deixar de ler este texto. Vamos explicar tudo o que você precisa entender sobre as embalagens ativas.
Qual é o papel das embalagens?
As embalagens sempre foram vistas como a forma de conter e condicionar produtos. Em um segundo momento, os fabricantes começaram a perceber que elas poderiam ser utilizadas como estratégia de marketing, para impulsionar as vendas dos produtos.
Assim, uma grande onda de investimentos se voltou para a indústria das embalagens, como um meio de levar informações sobre o produto e reforçar a marca da empresa. Dessa forma, muitos produtos tiveram as embalagens repaginadas de acordo com o seu público-alvo. Ou seja, as embalagens passaram a ser usadas para agregar valor a uma empresa.
Agora, uma nova tendência chega ao segmento de embalagens. É a embalagem ativa. Vamos explicar no que consiste essa novidade:
O que é embalagem ativa?
As embalagens sempre foram essenciais para a conservação dos produtos, no entanto, as tradicionais estão passando por uma fase de mudanças.
Essas mudanças consistem no sistema de embalagem ativa, que é uma embalagem que interage com o produto com o objetivo de prolongar a sua vida útil e aumentar o seu prazo de prateleira. É devido a essa interação com o produto que ela recebe o nome de “ativa”.
Isso é necessário por que os alimentos são sujeitos a alguns agentes do meio externo que os fazem deteriorar mais rapidamente. Assim, além das funções “passivas” de conter e proteger o produto, a embalagem ativa passa a ter a capacidade de prolongar sua durabilidade.
Concluímos então que o termo “embalagens ativas” se refere a uma série de tecnologias que vêm sendo desenvolvidas para melhorar as características sensoriais, aumentar a vida de prateleira, evitar as deteriorações química e microbiológica e garantir a segurança dos alimentos, inibindo o crescimento de microrganismos patogênicos.
Ficou curioso para saber de onde surgiu essa ideia? Vamos falar sobre isso no próximo tópico:
De onde surgiram as embalagens ativas?
A indústria alimentícia, buscando atender a um mercado consumidor cada vez mais exigente, buscou recursos tecnológicos para desenvolver embalagens ativas que proporcionassem maior qualidade e durabilidade aos produtos acondicionados.
As primeiras embalagens ativas começaram a surgir recentemente em países desenvolvidos, como Estados Unidos, Japão e Austrália.
No Brasil, essa solução ainda se encontra em fase de testes laboratoriais, mas o que se espera é que em breve estarão sendo disseminadas no mercado nacional e trazendo benefícios aos consumidores brasileiros. Quer saber quais são esses benefícios? Continue a leitura!
Para que servem?
Entendemos de forma resumida que o principal objetivo da embalagem ativa é preservar a qualidade do produto e estender seu prazo de validade, certo?
Para um país como o Brasil, que é exportador de uma grande variedade de frutas, a embalagem ativa permite que os frutos cheguem ao exterior e possam ser comercializados por lá sem estragar no caminho.
Assim, os exportadores desse tipo de alimento podem economizar ao utilizar outras vias logísticas para o transporte dessas frutas, como via terrestre e marítima — isso porque, atualmente, o transporte desse tipo de produto é feito pela via aérea, o mais caro dos meios disponíveis.
Como são desenvolvidas?
A embalagem ativa é desenvolvida por meio de processos tecnológicos de encapsulamento enzimático, nano encapsulação, microencapsulação e de imobilização enzimática.
Em primeiro lugar, devem ser identificados quais agentes podem deteriorar certo tipo de alimento. Esses agentes podem ser fisiológicos, físicos, biológicos ou químicos.
Após o diagnóstico desses agentes, a embalagem é desenvolvida de forma a liberar aditivos que evitam o envelhecimento, a oxidação ou a contaminação desses produtos.
Isso beneficia não só o cliente, mas também os supermercados, já que reduzem o desperdício com perdas.
Quais são os produtos que precisam desse tipo de embalagem?
Os produtos que mais necessitam da embalagem ativa são aqueles que se deterioram rapidamente, como frutas, legumes, verduras, carnes e embutidos.
Esses itens possuem uma durabilidade média de dois a cinco dias, mas, com a embalagem ativa, chegam a durar cerca de dez dias em excelentes condições de consumo.
Para isso, existem embalagens antioxidantes, antimicrobianas e aromáticas, entre outras, que contêm substâncias que retardam processos orgânicos como o amadurecimento, deterioração ou contaminação de produtos.
Quais são os tipos de embalagens ativas e como elas agem?
As embalagens ativas são divididas em duas categorias. A primeira se refere aos absorventes ou captadores. Nesse caso, são removidos do produto agentes indesejáveis, como oxigênio, dióxido de carbono, etileno e água em excesso.
A segunda categoria está relacionada aos sistemas de liberação, que adicionam ativamente ou emitem compostos para os alimentos embalados. São exemplos o dióxido de carbono, os antioxidantes e os conservantes.
Assim, essas embalagens possuem:
- atmosfera modificada;
- ação antimicrobiana;
- ação redutora de umidade;
- controle de oxigênio;
- absorvedores de etileno;
- emissores de etanol.
- emissores de dióxido de enxofre;
Mas como cada um desses itens funciona? Vamos explicar:
Atmosfera modificada
A composição gasosa da atmosfera é favorável ao crescimento de microrganismos que deterioram os alimentos, além de provocar sua oxidação.
Com o objetivo de controlar as alterações de qualidade de produtos frescos, foi desenvolvida a tecnologia da atmosfera modificada. Isso reduz as taxas de respiração e de produção de etileno, promovendo um retardamento da deterioração desses produtos.
A atmosfera modificada pode ser criada por meios ativos ou passivos. O meio passivo é proporcionado pela própria respiração do produto, até que se atinja um equilíbrio.
Já o meio ativo é criado pela adição de compostos gasosos pré-determinados ou por meio de um componente contido em um sachê. Isso também pode ser feito pela incorporação direta da mistura ao material da embalagem.
Em todos os casos, uma vez que a atmosfera modificada se estabeleça, deve ser mantida por um equilíbrio dinâmico entre respiração e permeação.
Esse tipo de embalagem se aplica para carnes, aves, peixes, queijos, massas frescas, produtos de panificação, frutas frescas ou secas e hortaliças.
Ação antimicrobiana
Esse tipo é o que mais tem se destacado no meio das embalagens ativas. A embalagem antimicrobiana libera agentes que protegem produtos perecíveis como queijos, carnes e peixes frescos.
O processo ocorre pela reação de enzimas ou por outras reações químicas, como evaporação ou difusão de aditivos. A substância é adicionada diretamente ao material da embalagem, sendo capaz de eliminar ou inibir microrganismos deterioradores e/ou patogênicos. A liberação da substância é gradual.
Ação redutora de umidade
O próprio metabolismo dos alimentos produz certa umidade que é prejudicial a sua durabilidade. Por isso, o controle da umidade interna é fundamental para evitar a proliferação de microrganismos deteriorantes e/ou patogênicos. Nesse caso, a função da embalagem ativa é evitar a condensação de água.
Controle de oxigênio
O oxigênio é visto como um dos maiores vilões dos alimentos embalados, já que oxida os produtos, deteriorando-os. O objetivo desse tipo de embalagem ativa é controlar a atmosfera interna da embalagem, retardando o processo de oxidação.
Assim, essa embalagem possui um aditivo capaz de absorver o oxigênio. Esse aditivo é acrescentado ao material polimérico da embalagem e absorve até o oxigênio residual, que é aquele que permanece nas embalagens a vácuo. Esses aditivos têm ainda outra vantagem: podem substituir pesticidas químicos para prevenção de danos por insetos.
Absorção de etileno
O etileno é um gás que acelera o processo de amadurecimento de frutas, verduras e legumes. A embalagem ativa elimina esse gás, retardando o processo de amadurecimento dos produtos.
Isso possibilita que os produtos permaneçam por mais tempo em prateleiras de supermercados ou possam chegar a longas distâncias com a qualidade apropriada ao consumo.
Emissão de etanol
Existem sistemas que liberam etanol, que se condensa na superfície do alimento, assim inibindo o crescimento microbiano. Essa é a função da embalagem ativa desenvolvida para a emissão de etanol, que tem como principal foco a preservação de pães, bolos e queijos. O aditivo contido aqui absorve a umidade e libera vapor de etanol.
Emissão de dióxido de enxofre
A emissão de dióxido de enxofre impede ou retarda o desenvolvimento de fungos que danificam as frutas. Com a emissão desse gás, as doenças que surgem durante a armazenagem são controladas.
Esses aditivos muitas vezes são incorporados aos produtos em forma de sachês, colocados dentro das embalagens. Entretanto, devido a alguns problemas verificados com os sachês, até mesmo relacionados à ingestão destes por crianças, a tendência agora é incorporar os agentes na própria embalagem.
Agora vamos abordar um assunto que causa confusão em muitas pessoas. Afinal, existe diferença entre embalagem ativa e embalagem inteligente?
Qual a diferença entre embalagens ativas e inteligentes?
Os termos “embalagens ativas” e “embalagens inteligentes” representam conceitos interligados. Por isso, são constantemente mencionados de forma associada. Em países de língua inglesa, fazem parte da mesma categoria, chamada smart pack.
Com a difusão das embalagens ativas, o próximo passo será as embalagens inteligentes, que são chamadas assim por informar ao consumidor o estágio de um produto e se ele está em condições de ser consumido, além de carregar todo o histórico daquele item (condições de armazenamento, composição e crescimento microbiano).
As embalagens inteligentes possuem um selo, chamado de língua ou nariz, que tem a cor alterada quando o produto estiver impróprio ao consumo. Esses sensores são capazes de indicar a temperatura, tempo de consumo, estágio do produto, entre outras informações.
Uma embalagem pode ser ao mesmo tempo ativa e inteligente, pois tem atuações distintas. Enquanto a embalagem ativa interage com o produto, controlando sua qualidade, a inteligente interage com o consumidor, por meio de sensores de qualidade, e mostra o estágio de tal produto.
Assim, a embalagem inteligente é desenvolvida baseada em nanotecnologia e monitora as condições do alimento e se comunica com o consumidor. Funciona como um sistema que mostra em tempo real as condições daquele alimento.
O que esse assunto tem a ver com sustentabilidade?
A resposta é: tudo! Isso porque as embalagens ativas e inteligentes prezam pela utilização de fontes sustentáveis.
Por isso, são desenvolvidas pensando não só em proteger o produto por mais tempo, mas também em como serão descartadas sem causar prejuízos ao meio ambiente.
Assim, essas embalagens podem oferecer um alimento mais saudável e com mais qualidade e ainda contribuir para a preservação da natureza e do mundo em que vivemos. Se você é daqueles que gostam de investir em embalagens sustentáveis, vai entender o porquê deve investir também em embalagens ativas.
Por que devo investir nesse tipo de embalagem?
As embalagens tradicionais não são mais suficientes para atender às novas exigências dos consumidores, que querem investir na sua saúde e na segurança alimentar e querem evitar consumir produtos industrializados. Ou seja, eles buscam por saudabilidade.
A interação da embalagem ativa com o produto aumenta a segurança do consumidor, uma vez que esses compostos não são diretamente adicionados aos alimentos e são liberados de forma controlada.
Se você trabalha com produtos perecíveis e busca transmitir a mensagem de que se preocupa com o comportamento do consumidor e com a segurança alimentar deles, então precisa adotar essa ideia.
Além disso, é uma forma de reduzir custos com o desperdício de alimentos, já que as embalagens ativas aumentam sua durabilidade. Assim, você poderá oferecer ao seu cliente mais produtos frescos e menos industrializados.
Isso quer dizer que investir em embalagens ativas é uma estratégia de diferenciação do seu negócio, e isso pode ser utilizado como vantagem competitiva.
Agora que você já sabe tudo sobre a embalagem ativa, é hora de começar a implantar essa tendência em sua empresa. Uma das formas de encantar o cliente é mostrando a ele que se importa com sua saúde e por isso preza pela qualidade de seus produtos.
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